quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Fotografando Porta a Fora " Parte 1"


Como andarilho, ou de motocicleta, automóvel, ônibus, parto do principio da observação, não possuo interesse no turismo propriamente dito mas sim na aventura e o fato de poder registrar algo diferente seja onde for.
A diferença entre o aventureiro e o turista é o fato de que o primeiro se arrisca, todo aventureiro de certo modo é um turista mas nem todo turista necessariamente é um aventureiro.
Minha busca é geralmente marcada pelo isolamento, assim, tornando mais fácil principalmente a interação com a natureza.
Com os sentidos apurados observo que lugares onde a maioria das pessoas desprezariam dizendo não haver coisa alguma é de fato o lugar em que a vida, à verdadeira, acontece diante dos olhos, sem hesitar sua presença sem temer ao homem.
A sensação de unicamente você no mundo inteiro num instante curto ser premiado com uma visão que não se repetira e apenas você presencia é algo estonteante, automaticamente viciante sendo assim, a procura torna-se constante e implacável por momentos como estes.
O relato à seguir ocorreu em uma de minhas "expedições fotográficas" na belíssima e natural cidade de Imbituba-SC.

"... Depois de vinte e cinco quilômetros de caminhada passando por lugares isolados encontrei uma espécie de pequeno lago que desemboca no mar, distante alguns quilômetros do bairro Vila Nova o mais próximo.
Observei já dos trilhos que muitas espécies de aves alimentavam-se neste lugar, ao longe, contei cinco espécies diferentes, decisão acertada em arriscar fotografar neste local, mesmo com o difícil acesso através das dunas e mata atlântica densa.
Contabilizadas com cuidado, quatorze tipos vivem ali em uma harmonia invejável alimentando-se descansando e se reproduzindo naquele ambiente, entre as espécies estão Pica-Paus, Garças, Maçaricos, Gaivotas, Urubus de cabeça vermelha entre outros, sendo que alguns não identifiquei os nomes das espécies.
Após quase duas horas fotografando com cuidado uma a uma das aves, alternando os joelhos molhados às margens do lago, sinto uma presença que veio por detrás e repentinamente pousou ao meu lado, um grande susto, pois uma garça de grande porte estava exatamente ao meu lado, tão próximo que se esticasse o braço quase poderia tocá-la, fiquei espantado pelo motivo que pássaros não costumam sob nenhuma hipótese aproximar-se, mas ali estava ela, com um branco lindíssimo que nem mesmo as mais novas de minhas camisetas brancas igualava-se.
Assim postada ao meu lado pensei de imediato fotografá-la , que grande oportunidade, entretanto utilizando no momento uma tele-objetiva de 70-300, f 4 de foco manual para encurtar as distâncias não consegui enquadramento devido a proximidade que estávamos um do outro, assim, me contentei em apenas apreciar um momento único, em que um pássaro selvagem admirava um lindo habitat junto à mim.
Em um certo instante ela abriu suas asas parcialmente, mostrando-me o tamanho possível de sua envergadura e como se estivesse dando-me boas vindas aquela terra prometida de beleza e pluralidades, um olhar e com uma batida leve de asas, alçou vôo, fazendo-me sentir o deslocar do ar, sumindo em meio a mata.

El Loco Viajero em "Meus Relatos de Viagem"    

"... No meio de uma chuva mansa, tomado por pensamentos, de súbito senti uma companhia tão doce e benéfica na natureza, no próprio tamborilar das gotas de chuva, em cada som e cada imagem ao redor da minha casa, uma amistosidade infinda e inexplicável, tudo ao mesmo tempo, como uma atmosfera me sustentando que as imaginadas vantagens da proximidade humana se tornaram insignificantes, e desde então nunca mais pensei nelas. Tive uma percepção tão clara da presença de uma afinidade, mesmo em cenários que costumamos considerar tristes e ermos e que também o mais aparentado de sangue e mais próximo de mim não era uma pessoa nem um morador da cidade, que achei que jamais voltaria a estranhar lugar algum."
  
H. D. Thoreau em " Walden"










Sim, sou um simples viajante, um andarilho que percorre a terra. E vocês o que são?
 J.W. Goethe


Dois anos, dois meses e dois dias, foi o tempo que Henry David Thoreau ensaísta, poeta e filósofo transcendentalista permaneceu vivendo isoladamente no lago Walden em 1845, desgostoso com os rumos que a sociedade tomava, preferiu viver apartado da mesma.
Os relatos de sua experiência foram publicados primeiramente em 1854 com o título de A vida nos bosques em que o próprio Thoreau supria suas necessidades, além de estudar sempre contemplando a natureza e conhecendo à si mesmo.
Sua maneira de ver o mundo e a si mesmo nunca mais seriam iguais, influenciando grandes nomes da cultura literária como Ralph Waldo Emerson e até mesmo posteriormente os autores Beat da contra cultura do século XX, como Jack Kerouac além de figuras revolucionárias como Ghandi e Marthin Luther King.



Nenhum comentário:

Postar um comentário