Abrindo meus arquivos perdidos e muitos deles que nunca haviam sido abertos, encontro não apenas fotografias e alguns rabiscos e sim uma enorme e gigantesca onda de lembranças de lugares e experiências vivenciadas fazendo com que aquele velho sopro em meu peito reapareça, um sopro capaz de motivá-lo e fazer com que coisas banais desapareçam, fazendo-me assim, neste exato momento sacar o velho e último projeto da "gaveta", chegar sobre duas rodas até Caracas na Venezuela.
Seria um excelente projeto à colocar em prática dentro de alguns meses o que de fato e muito provavelmente encerraria de vez minhas jornadas motociclísticas devido algumas questões importantes, entre elas, minha coluna que muito provavelmente não aceitará muitas agressões mais.
O mais audacioso dos projetos, que rasga o Brasil e a América do Sul ao meio passando pela Floresta Amazônica e em lugares sagrados como Machu Picchu Peru, retornando ao Chile seguindo pelo deserto do Atacama, deixando o Caribe muito próximo do horizonte, exatos doze mil quilômetros em uma única jornada, totalizando aproximadamente cinquenta e cinco mil quilômetros no continente sobre duas rodas.
O relato à seguir trata de uma das minhas impressões ao chegar na cidade de Bella Union Uruguay pela primeira vez em viagem de um mil e seiscentos quilômetros sobre duas rodas, registro feito à noite em um grande hotel completamente vazio na cidade brasileira de Barra do Quaraí em 20/07/2011.
"...Assim cheguei ao meu destino mais distante até então, metade da minha maior viagem de motocicleta, a tão sonhada Tríplice fronteira, uma das nove existentes no Brasil, de forma que ao entrar pela principal via da pequena cidade de Bella Union um grupo de quase dez crianças colocaram-se a correr atrás da moto fazendo uma enorme festa, acenando, estavam de pés descalços, saíram das margens da via, pude perceber que eram bastante humildes, algumas trajavam bermudas mesmo com o frio que fazia, cerca de sete graus de temperatura, reduzi a velocidade olhando no retrovisor e elas me acompanharam até minha parada em um Free shop próximo.
Conversamos um pouco assim que parei a moto, uma dúzia de perguntas por instante eram jogadas em minha direção, perguntas principalmente de onde eu era, e onde ficava esse lugar, que moto era aquela, para onde eu estava indo, se era longe, assim que pude, também direcionava minhas perguntas aquelas crianças simples com o mesmo tom de curiosidade delas, entretanto não com a mesma felicidade, assim, conseguimos de fato superar a barreira do idioma e nos entendermos precisamente."
El Loco Viajero em "Meus Relatos de Viagem"
Ao que pude perceber eram crianças que não estavam frequentando a escola e muito provavelmente tão logo cresçam mais, serão angariadas para um trabalho extremamente pesado, que é o cultivo da cana de açúcar, basicamente o que sustenta a ecônomia da cidade de Bella Union.
Após pesquisa descobri ser a cidade mais pobre do Uruguai, pesquisa esta que foi realizada após a viagem, percebendo que o lugar era demasiadamente pobre com casas bastante humildes, os poucos carros desmanchavam-se debaixo de uma grossa camada de ferrugem e muitas mobiletes de marca chinesa vagando pelas ruas.
Pela primeira vez as lágrimas escorreram escondidas dentro do capacete, em que a maior lição que retirei daquela cidade foi ver a felicidade e alegria brotando diretamente de uma vida de privações de todo tipo, de conforto, comodidade, conhecimento e de futuro, e que ali até mesmo aquilo que consideramos como o básico, o minimo aceitável, não existia.
"O meu defeito não são as paixões que tenho, mas a minha falta de controle sobre elas." Jack Kerouac.
Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam.
Jack Kerouac em "On the road"
" A vida do aventureiro é como a gota do orvalho que, mesmo morrendo todos os dias renasce todas as manhãs. " Gaia em "Minha Moto, Eu e a América"
Próximo de uma longa lista de leitura, Minha Moto, Eu e a América de Miragaia René Angelino que possui ao longo da vida mais de dois milhões de quilômetros percorridos por quarenta países em sua moto.
Alguma dúvida sobre o titulo de AVENTUREIRO?
" A vida do aventureiro é como a gota do orvalho que, mesmo morrendo todos os dias renasce todas as manhãs. " Gaia em "Minha Moto, Eu e a América"
Próximo de uma longa lista de leitura, Minha Moto, Eu e a América de Miragaia René Angelino que possui ao longo da vida mais de dois milhões de quilômetros percorridos por quarenta países em sua moto.
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